O DEBATE DA EDUCAÇÃO SEXUAL EM TRÊS EXEMPLOS


A orientação sexual veio para se incorporar de forma definitiva à escola através de projetos. Além de ser um tema social urgente, a sexualidade é central na vida das pessoas e sua discussão é especialmente relevante para crianças e adolescentes.
Orientação Sexual na escola supõe um trabalho contínuo, sistemático e regular e que acontece ao longo de toda a seriação escolar. Pressupõe a capacitação e o acompanhamento, na forma de supervisão do trabalho, dos educadores que se responsabilizarem pela tarefa.
Espera-se que ultrapasse o território da sala-de-aula, para se tornar objeto de reflexão e debate em outros territórios como na comunidade escolar ou em outro espaço institucional. Pode envolver todas as áreas de ensino, orientadores, coordenadores, auxiliares de ensino, tutores e os pais e mães dos alunos.
Deixemos claro que as definições de território são várias “genericamente é entendido como uma área de terra ou a extensão geográfica de um município, um país, estado, região, cidade”¹ e até uma demarcação de um pequeno espaço pode ser entendido como território.
 A seguir discutiremos de modo pouco profundo como é tratado modelo de projetos no qual o mesmo abrange discussões sobre alguns Projetos de Educação Sexual em três territórios diferentes. Incluiremos o projeto Multirio do Governo do Rio de Janeiro- RJ, o Projeto NEUROEDUCA de Minas Gerais- MG e juntamente o Projeto de Prevenção da Gravidez na Adolescência (PPGA), do Núcleo Regional de Educação (NRE), que acontece em parceria com o Eco Clube e as secretarias de Saúde e de Educação de Toledo- PR.
Podemos afirmar que a Educação Sexual têm o mesmo objetivo em qualquer um dos três territórios citados acima quanto em território nacional, entretanto, são implantados de formas diferentes em cada um deles.
Em primeiro lugar cabe explicar o que é Educação Sexual. “A Orientação ou Educação Sexual é um processo formal e sistematizado que se propõe a preencher lacunas de informação, erradicar tabus, preconceitos e abrir a discussão sobre as
emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos, cabe também propiciar uma visão mais ampla, profunda e diversificada acerca da sexualidade”.²
Segundo o programa Multirio do Governo do Rio de Janeiro a orientação sexual caracteriza-se por um conjunto de orientações desenvolvidas de forma assistemática sobre sexualidade.
“Eles justificam que a Educação Sexual como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.
O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa” explica o Multirio”³
Para o Multirio, é importante analisar para que e para quem serve a Orientação Sexual. Eles sabem que a escola não pode fugir a seu papel de Educadora, segundo eles é um complemento do que é iniciado no lar onde a participação dos pais é fundamental no processo de Educação Sexual que posteriormente no ambiente escolar é desenvolvido o preenchimento de algumas dessas lacunas deixadas e a superação com a quebra de preconceitos.
Já o Projeto NEUROEDUCA de Minas Gerais estabeleceu parcerias com voluntários no qual desenvolvem um programa de capacitação para um trabalho de orientação sexual nas escolas, onde se pretende promover o desenvolvimento pessoal e social do(a) adolescente através de uma reflexão sobre sexualidade dentro do ambiente escolar.
A sexualidade é uma temática complexa. Esse trabalho tem intenção de sensibilizar os educadores para esse desafio. É importante entender o papel da escola, reconhecer o limite do educador e trabalhar também com a família amenizando o impacto para a escola.
“Um ponto relevante observado nesse trabalho é a dificuldade de aproximação e a distancia da família no cotidiano escolar. A escola não esta preparada para a inclusão da família e da comunidade. A participação da família e da comunidade geralmente é muito pequena, quando não difícil....A reclamação dos educadores é a de que geralmente os pais entregam seus filhos e dizem, “Agora dêem conta dele pra mim”. O trabalho com a sexualidade tem que ter a inclusão dos pais, não só pelo receio dos professores em trabalhar a temática sem consultá-los.”4
 É importante reconhecer o papel da escola, de que eles não podem substituir os pais em determinados assuntos, mas podem sim ajudá-los a preencher lacunas.
A integração desse projeto de Educação Sexual na Escola caracteriza o desenvolvimento humano como um processo multidimensional que ocorre durante o processo de ensino-aprendizagem que contribuirá para a formação de um individuo.
Logo o Projeto Prevenção da Gravidez na adolescência (PPGA) do Núcleo Regional de Educação (NRE), que ocorre em companhia com o Eco Clube e as secretarias de Saúde e de Educação de Toledo- PR, são desenvolvidas atividades propondo-se formar jovens multiplicadores, que orientam não só na prevenção da gravidez na adolescência, mas também em outros contextos que envolvam adolescentes.
Este trabalho, porém é complexo por ocorrer à transmissão dessa orientação por intermédio dos próprios adolescentes. Estes jovens tratam de temas polêmicos como a prevenção de doenças transmissíveis, gravidez na adolescência, homossexualismo, valores, moralidade, preconceito e drogas.
Esse projeto dá mais ênfase nos problemas da gravidez nas adolescentes, onde a gravidez precoce é a quinta causa de morte em adolescentes.
 Bernadete Ribeiro que era coordenadora do Projeto em 2006, diz que
“acredita que a causa das gestações na adolescência esteja relacionada com a parte social. “As meninas carentes, tanto de afetividade como financeira, se deixam levar mais facilmente. Elas geralmente não procuram ajuda, não fazem um pré-natal. Se pinta um clima, como os jovens dizem, elas não estão preparadas e na maioria dos casos estão sem o preservativo”, enfatiza.
Conforme a chefe do Setor de Epidemiologia de Toledo da época, o trabalho do (PPGA) é a longo prazo. “Temos números estatísticos que registramos nos últimos três anos”. O que se percebe em resultado é a modificação do comportamento dos cinco mil adolescentes envolvidos no projeto. Onde o adolescente fala com adolescente.
 Percebe-se que em todo o território nacional Brasileiro há micro-territórios que tratam diferentemente de um mesmo assunto, alguns se apegam há elaborar projetos mais amplos de modo geral e outros de maneira mais específica ou até superficial, conclui-se que de uma forma ou outra ocorre uma intervenção pedagógica que favorece reflexão mediante a problematização de temas polêmicos no qual permite ampla liberdade de expressão num ambiente “acolhedor e num clima de respeito”.
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